Amizade Social e Cuidado: Uma perspectiva integradora para a saúde coletiva

Por Karen Arrudas de Castro, psicóloga e orientadora educacional do Colégio Anchieta, de Nova Friburgo (RJ)

 

A Campanha da Fraternidade de 2024 traz como tema central, que tem sido pauta dos nossos debates em sala de aula, a Amizade Social, com um convite à reflexão e ações concretas em prol da construção de relações mais solidárias e justas na sociedade. Este tema não apenas ressoa com os valores cristãos e inacianos de solidariedade, amor e serviço, mas também oferece um ponto de partida relevante para considerar a interseção entre saúde, cuidado e relações sociais.

A saúde, em suas dimensões física, mental e social, está intrinsecamente ligada à forma como nos relacionamos com os outros e com a Casa Comum. A amizade social não se limita apenas ao afeto e à proximidade emocional entre indivíduos, mas também se estende à promoção de hábitos saudáveis e à criação de ambientes que favoreçam o bem-estar coletivo.

O texto base da Campanha da Fraternidade de 2024 destaca a importância de cuidarmos uns dos outros, reconhecendo a interdependência que caracteriza a condição humana. Esse cuidado vai muito além do aspecto físico e solidário, mas abrange também o suporte emocional que as relações sociais podem, e devem, proporcionar. A saúde mental, em sua íntegra, tem ligação direta com a qualidade de nossas relações e com a maneira que nos colocamos diante delas, lidando não apenas com nossas demandas mais íntimas, mas com a construção de vínculos cotidianos. Somos constante e diretamente afetados por estas relações, e talvez uma provocação necessária diante disto seja a respeito da maneira que temos, dia após dia, nos responsabilizado pelo cuidado com o outro. Cuidar do outro, promovendo a ele bem-estar, fornecendo apoio e senso de pertencimento, reduz significativamente os efeitos do estresse e solidão, promovendo assim, Saúde e Cuidado.

Paralelo a isto, a necessidade de mudança de hábitos coletivos e saudáveis é um aspecto central da promoção de saúde. Pensar coletivamente, e não apenas em nossos próprios interesses, conduz nossas ações para reflexões amplas e que nos incentivam às mudanças para uma comunidade solidária, sustentável e de cidadãos que pensam, e agem, com sensibilidade e acolhimento às necessidades de todos e de cada um, como, por exemplo, pensar em ações que incentivem práticas como alimentação balanceada, adoção de hábitos mais sustentáveis em nossa comunidade, incentivo à prática regular de exercício físico e redução de comportamento de risco. Essas mudanças não só beneficiam o indivíduo, mas também têm impacto positivo na comunidade como um todo, reduzindo a incidência de doenças crônicas e promovendo um estilo de vida mais saudável.

Do ponto de vista psicológico, a amizade social desempenha papel crucial na promoção do bem-estar emocional e na prevenção de alguns adoecimentos mentais. Conceitos como apoio social, que se refere ao suporte emocional e instrumental fornecido por outros indivíduos, e coesão social, que se relaciona com o senso de comunidade e solidariedade entre os membros de um grupo, são fundamentais para entender os benefícios psicológicos da amizade social. A partir desses conceitos, podemos compreender como agir para fortalecer os laços sociais e colaborar para a promoção da saúde em toda a comunidade.

Em resumo, a Campanha da Fraternidade de 2024 nos oferece uma oportunidade valiosa para refletir sobre a importância da amizade social na promoção de saúde e cuidado mútuo. Ao reconhecermos nossa interdependência e nos comprometermos com a construção de relações mais solidárias e saudáveis, podemos não apenas fortalecer o tecido social, mais também melhorar significativamente nossa qualidade de vida em suas múltiplas dimensões: física, mental e social.

Fonte: Colégio Anchieta (RJ)

Compartilhe esta informação: