Tradicionalmente algumas Unidades da Rede Jesuíta de Educação Básica realizam a “Semana Inaciana”, como o nome já entrega, são sete dias dedicados a pensar a vida e ensinamentos de Santo Inácio de Loyola, o fundador da Companhia de Jesus. As Unidades celebraram o Ano Inaciano, em memória aos 500 anos de Conversão de Santo Inácio. Os colégios promoveram missas, momentos de orações, caminhadas, vídeos e reflexões para estudantes, educadores e demais pessoas das comunidades educativas.

A vida e escritos de Inácio deram origem a muitas frentes da Igreja, mas há o destaque para os Exercícios Espirituais, que propõem um itinerário de orações e a busca pelo discernimento da vontade de Deus para o exercitante (como é chamado o participante do EE), vivido como um programa de formação humana e espiritual, que deseja proporcionar uma experiência profunda com a pessoa de Jesus, dando um novo sentido à vida.

A conversão nas escolas jesuítas significa abraçar ao catolicismo? Segundo o Pe. Geral dos Jesuítas, Arturo Sosa, SJ, os colégios propõem a espiritualidade inaciana com estilo de vida cristã, mas não força a conversão de nenhuma pessoa, porque para ela ser autêntica, deve nascer de uma experiência pessoal que leva a uma livre escolha. No livro “Caminhando com Inácio”, o jesuíta partilhou uma situação que aconteceu em 2020, quando esteve numa escola da Companhia de Jesus no Nepal (país localizado na Ásia), na qual não havia nenhum estudante católico. “O objetivo primordial do centro não é que os alunos se convertam ao cristianismo, mas sim que se tornem pessoas boas, capazes de ajudar os outros e de se comprometerem na procura do Bem Comum. Se, depois, algum deles escolher a fé cristã, ficaremos muito felizes de que assim seja”, constatou o Pe. Arturo.

Um novo olhar

“Ver novas todas as coisas em Cristo” era o tema proposto para o Ano Inaciano e animadas por ele, as Unidades ofereceram experiências diversas para a comunidade. O Colégio Diocesano, no Piauí, fez uma playlist no canal do Youtube com reflexões sobre momentos marcantes de Inácio. Localizado em Santa Catarina, o Colégio Catarinense usou da criatividade e artifícios artísticos nas produções de textos, desenhos e maquetes que contaram a vida do santo jesuíta. Ainda no sul do Brasil, a ação “Refletir como Inácio” foi uma das inciativas propostas pelo Colégio Medianeira, em Curitiba: o exercício convidou os estudantes a dar uma atenção ao olhar, à vida, à religião, à arte, e à literatura, que são mediadoras para despertar o sentido da vida e perceber o essencial invisível aos olhos. O Colégio Santo Inácio do Rio de Janeiro ofereceu à comunidade uma missa de abertura na histórica igreja da cidade, além de atividades durante a semana. As Unidades mineiras, Colégio dos Jesuítas e Colégio Loyola tiveram: caminhadas ao ar livre, apresentação de peça teatral e novas reflexões de Inácio.   

“Aprendemos mais sobre a vida de Inácio, tivemos uma palestra com o jesuíta Mike, que falou como é viver em santidade e profundidade, assim como Santo Inácio. Foi ótimo, porque essa semana nos traz de volta a nossas origens, de onde o Colégio veio e surgiu” partilha Arthur Araújo, estudante da 1ª Série do Ensino Médio do Colégio Loyola (MG). 

A “clínica oftalmológica” do Colégio Medianeira

Maquete do Colégio Anchieta

Por que falar em profundidade?   

Educar para a profundidade é um apelo surgido no último encontro internacional dos colégios jesuítas, o II Colóquio JESEDU-Global 2021. Na ocasião, os educadores se afirmaram em quatro vertentes para discernir a missão de educação jesuíta hoje: Educando para a Fé, para a Profundidade, para a Reconciliação e para Cidadania Global. Segundo a Declaração Final do Colóquio: “utilizam-se habilidades e estratégias que Inácio usou nos Exercícios Espirituais para ajudar as pessoas a conhecer e perceber Deus atuando no mundo e em nelas mesmas. Essas habilidades ajudam a navegar pelas complexidades, desafios e situações difíceis de nosso contexto contemporâneo”.   

Conheça melhor as vertentes que guiam os colégios

Em mensagem enviada pelo Papa Francisco em comemoração aos 20 anos da Federação Latino-Americana de Colégios da Companhia de Jesus (FLACSI), o pontífice partilha: “Desejo que seus colégios ensinem a discernir, a ler os sinais dos tempos, a ler a própria vida como um dom para agradecer e compartilhar. Que tenham uma atitude crítica sobre os modelos de desenvolvimento, produção e consumo que estão empurrando vertiginosamente para a vergonhosa iniquidade que faz sofrer à grande maioria da população mundial.”  

Assista ao vídeo do Diretor de Formação Cristã, da ETE FMC, Padre José Paulino Martins, SJ, sobre “Educar para a Profundidade”.