Por Filipe Mendes, pai de estudantes do Colégio Anchieta (RJ)
Estamos vivendo na sociedade pós-moderna, num ambiente de grandes incertezas e inúmeros desafios. Passamos por uma pandemia que nos colocou à prova. Nossas famílias são afetadas por inseguranças e pelo desconhecido. Nessa conjuntura, somos obrigados a sair da nossa zona de conforto. Como pais, buscamos luzes que possam nos ajudar a encontrar o melhor para nossos filhos. Precisamos conciliar trabalho, estudos, lazer, cuidado com a saúde e praticar a solidariedade, como forma de amor ao próximo, com aqueles que mais precisam.
O Papa Francisco nos recorda na sua Carta aos Esposos, por ocasião do Ano “Família Amoris Laetitia”, que “a relação com Deus molda-nos, acompanha-nos e coloca-nos em movimento como pessoas e, em última instância, ajuda-nos a ‘sair da nossa terra’, em muitos casos com um certo receio e até medo do desconhecido, mas sabemos, pela nossa fé cristã, que não estamos sozinhos, porque Deus está em nós, conosco e no meio de nós”.
E ainda continua: “À semelhança de Abraão, cada um dos esposos sai da sua terra desde o momento em que, tendo ouvido o chamado do amor conjugal, decide dar-se ao outro sem reservas. Como é importante para os jovens, ver com os próprios olhos o amor de Cristo vivo e presente no amor dos esposos. Os filhos são um dom, mudam a história de cada família. Têm sede de amor, reconhecimento, estima e confiança. Educar os filhos não é nada fácil. Mas não esqueçamos que os filhos nos educam. O primeiro ambiente educativo continua sempre a ser a família, nos pequenos gestos que são mais eloquentes do que as palavras. Educar é, antes de tudo, acompanhar os processos de crescimento, estar presente de várias formas para que os filhos possam contar com os pais em cada momento. O educador é uma pessoa que ‘gera’ em sentido espiritual e sobretudo que ‘se dá’ ao colocar-se em relação. Como pai e mãe, é importante relacionar-se com os filhos a partir de uma autoridade conquistada dia após dia”.
Pais e mães exercem um papel de liderança na educação dos seus filhos. Há muitas demandas que nos preocupam e precisam de discernimento para buscar aquilo que é o melhor, diante daquilo que a realidade nos apresenta. A espiritualidade inaciana pode nos ajudar nesse grande desafio.
Os Exercícios Espirituais Inacianos ajudam a desenvolver líderes. Eles são um caminho de oração e autoconhecimento, para não se determinar por desordens afetivas na escolha do magis, ou seja, do melhor que há em cada um de nós e das melhores escolhas orientadas para “A Maior Glória de Deus”.
A liberdade é fundamental na escolha do melhor serviço a si mesmo e a sua família. Estar apegado a coisas, ideias ultrapassadas, situações e falsas seguranças dificulta o acesso ao caminho do coração e ao correto discernimento na formulação de um projeto de vida para pais e filhos.
Precisamos tomar boas decisões, responder aos desafios da atualidade, ajudar a fazer crescer o melhor potencial dos nossos filhos, acompanhá-los em seus processos de humanização e de construção de si mesmos para que tenhamos adultos comprometidos com os valores mais nobres que há em cada um e precisam ser desenvolvidos.
Para tanto, tomemos o exemplo de Abraão, o grande pai das três grandes religiões monoteístas. Ouvindo a voz do Senhor, saiu de sua terra, seu conforto e suas seguranças. Crendo na promessa, Abraão construiu um projeto de vida alicerçado pela fé e seguiu pelos caminhos que Deus lhe indicou.
Proponho, ao final, uma pequena meditação a partir de um texto bíblico:
“O Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra. Assim partiu Abrão como o Senhor lhe tinha dito”.
Gênesis 12:1-4
Fonte: Colégio Anchieta (RJ)