A Sexta-feira Santa e a Páscoa são os dias que carregam o maior simbolismo da Semana Santa. Porém é importante lembrar que a comemoração começa no Domingo de Ramos, o anterior à celebração de Páscoa, e cada um dos dias seguintes tem um significado individual. Por isso, o coordenador de pastoral do Colégio Medianeira, de Curitiba (PR), Pe. Agnaldo Duarte, SJ, preparou um texto sobre o significado de cada um desses dias.
O Domingo de Ramos
A Semana Santa tem início com a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. Nesse dia, a Eucaristia é precedida da bênção e procissão dos ramos, mediante a qual relembramos a alegria e a festa que o povo simples organizou quando Jesus entrou em Jerusalém, reconhecendo nele o Messias esperado. A comunidade cristã vive essa celebração, fazendo recordar dessa forma a vitória de Jesus e proclamando-o Rei, porque, ao ressuscitar triunfalmente da morte, foi constituído para sempre Senhor da vida e da história.
A celebração do domingo de Ramos não tem como única finalidade fazer lembrar um acontecimento histórico passado, mas nos convida a realizar uma profissão de fé em que a cruz e a morte de Cristo são definitivamente um convite à fraternidade, à justiça, ao amor e à paz.
A Segunda, Terça e Quarta-feira Santas
Durante esses dias, Jesus e os discípulos preparam-se para celebrar a Páscoa, festa principal dos judeus. Porém, Jesus sabia muito bem que eram os últimos dias de sua vida. A Páscoa judaica converter-se-ia na Páscoa de Jesus; sua passagem da morte para a vida, o Mistério Pascal. Por isso, o Evangelho desses dias fala da intimidade de Jesus com os discípulos e de tudo que Ele fez nos últimos dias: visita aos amigos de Betânia, preparação para a última ceia e sofrimento com a traição de Judas.
As reflexões e orações destes dias nos convidam a ter em mente a misericórdia de Deus para que, deixando-nos renovar, possamos também ressuscitar com Cristo.
Segunda-feira Santa
Na segunda-feira santa, em nossas famílias e comunidades, começamos a criar o ambiente propício para a celebração do mistério pascal. É bom perguntar-nos a que altura estamos no nosso processo de conversão, como estão nossas relações familiares, de grupo, como está nossa participação na vida da comunidade.
A leitura e a meditação do evangelho deste dia servirão para alimentar em nós os sentimentos e atitudes que a participação nesses dias santos nos impõe: mudança de vida, solidariedade, unidade. Intensificamos, por isso, o espírito de oração e de serviço e nos aproximamos do sacramento da reconciliação.
Terça-feira Santa
Na terça-feira santa, vemos como Jesus foi traído por Judas e negado por Pedro, um dos seus mais íntimos amigos. É um convite para pensarmos em nossas relações pessoais com Jesus. Como estamos correspondendo às manifestações de seu amor?
A frase do evangelho segundo Mateus 25,40 pode ajudar a encontrar a resposta correta: “… em verdade, eu vos declaro: todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes”.
Sim, a resposta ao amor que Deus nos tem está no serviço e no amor que tivermos para com os irmãos mais necessitados. Que nesse dia possamos compreender a fundo essa verdade e nos decidamos a viver em consonância com ela.
Quarta-feira Santa
Na quarta-feira santa, somos chamadas a preparar o coração para entrar nos mistérios que marcam a Semana Santa. Devido à traição de Judas, Jesus responde com a entrega amorosa de sua vida. Está firme e decidido. ”A mim não me tiram a vida; eu a entrego”. Para nós é também a hora da decisão. Com quem estamos? Com Cristo ou contra Cristo? Deus não quer que respondamos com palavras, mas sim com atos, isto é, pela nossa maneira de viver e de nos relacionar com o próximo. É essa a única resposta verdadeira.
Estamos sendo causa de vida, de alegria e de esperança para os que vivem perto de nós? A traição, a falsidade e a inconsciência de Judas terão algo a nos ensinar? Somos geradores de vida, de esperança e de união na comunidade, na sociedade, na família e na escola?
Quinta-Feira Santa: O Lava Pés
Nesse dia celebramos a doação de Jesus por nós, bem como o sangue que derramou para nos dar a vida. A instituição da Eucaristia (última ceia), celebrada à noite, corresponde à nossa ação de graças pelas maravilhosas dádivas que, antes de morrer, Jesus nos deixa: ”A Eucaristia, o Sacerdócio e o Mandamento do Amor”. Na celebração deste dia, repete-se o gesto de Jesus lavando os pés dos discípulos, a fim de lhes mostrar como a humildade e o serviço são as expressões mais concretas do verdadeiro amor. Ao terminar o gesto de serviço, próprio de um escravo, Jesus diz: ”Amai-vos como eu vos tenho amado”, deixando-nos assim o mandamento do amor.
A comunhão sacramental tem um sentido muito particular, pois nesse dia é celebrada a instituição da eucaristia.
Sexta-feira Santa: A Paixão do Senhor
Na Sexta-feira Santa, celebramos a morte de Jesus como passagem necessária para a Ressurreição; é uma lembrança cheia de esperança e de certeza da vitória. É um dia centrado na Cruz, não com ar de tristeza, mas de celebração, uma vez que Cristo Jesus, como Sumo Sacerdote, em nome de toda a humanidade, se entregou voluntariamente à morte para salvar a todos nós.
Neste dia, muitas paróquias e comunidades preparam a encenação da Via Sacra, que constitui uma tradição arraigada no povo cristão, desde os primórdios da Igreja.
Na noite da Sexta-feira Santa, muitas pessoas ficam em oração diante da imagem de Cristo no sepulcro, como meio de manifestar e alimentar sua fé na ressurreição, que é onde encontramos o verdadeiro sentido da morte de Jesus.
O Sábado Santo: Vigília Pascal
O Sábado Santo é a passagem misteriosa da morte para a Ressurreição; é o “descanso” do Senhor. As primeiras comunidades cristãs honravam a sepultura de Jesus, passando o Sábado Santo no descanso e na espera, na oração silenciosa e num rigoroso jejum. Nenhum alimento devia ser ingerido, a fim de não quebrar o jejum que antecedia a comunhão na noite de Páscoa.
Hoje, o jejum não é tão rigoroso, nem o silêncio tão absoluto, mas é um dia de serena e alegre espera. Nesse dia, a comunidade cristã abstém-se completamente da eucaristia, pois não há missa nem comunhão. O fato de não haver missa, expressa o verdadeiro significado do Sábado Santo. Vive-se hoje a sensação de grande vazio, que não é tanto o vazio da ausência, mas o vazio da espera; uma espera que logo será premiada com a presença do Senhor ressuscitado, embora ainda velado, pois só O veremos quando nos encontrarmos face a face com ele.
Domingo da Ressurreição: A Páscoa do Senhor
Ressuscitou! Aleluia!
Estamos alegres, pois Jesus ressuscitou e, com Ele, ressuscitamos também nós; e começaremos a viver, assim, uma vida nova, se fizermos o propósito de mudar alguma coisa, para que os outros possam perceber em nós que Cristo está vivo.
Durante os cinquenta dias da Páscoa, que correspondem do Domingo da Páscoa até a festa de Pentecostes, preparamo-nos para ser testemunhas da ressurreição e participar ativamente da vida da comunidade.
Fonte: Colégio Medianeira