Por Me. Prof. Sérgio Silveira, Coordenador do Comitê de Gestão de Pessoas da Rede Jesuíta de Educação, Diretor de Gestão de Pessoas do Colégio Antônio Vieira, de Salvador (BA), e Mestre em Gestão Educacional (Unisinos)
O mês de maio já traz em sua abertura a importância que o trabalho tem na vida do ser humano, dedicando seu primeiro dia ao trabalhador. O jesuíta e escritor espanhol Pedro de Ribadeneira, em sua obra Vida de Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus, nos apresenta um dos pensamentos de Santo Inácio em relação ao trabalho, ao dizer-nos: “Aja como se tudo dependesse de você, sabendo bem que, na realidade, tudo depende de Deus”. Depreende-se dessa afirmação, que devemos envidar todos os nossos esforços na realização de nosso trabalho, considerando que o próprio Deus há de nos suster com a providência necessária para essa realização.
Na visão do sociólogo alemão Max Weber, o trabalho dignifica o homem e o coloca em direção à proposta e missão que Deus tem para com todos nós. Ao olharmos para essas duas compreensões acerca do trabalho na vida do homem, percebemos uma sacralização da ação laboral do ser humano, como uma continuidade do trabalho criador de Deus.
Nesse sentido, o trabalho deve ser considerado como meio de promoção de vida e dignidade, além de instrumento emancipador e libertador da pessoa humana que, por ele e através dele, é capaz de modificar a realidade que a cerca.
É também no contexto do trabalho que se insere o que Santo Inácio chama de magis, para, segundo o Pe. Carlos Rafael Cabarrús, SJ, nos “dizer que sempre podemos experimentar um avanço em relação àquilo que já fazemos ou vivemos”, ou seja, buscar o magis é não se contentar com a realidade existente e se saber capaz de transformá-la dando o melhor que há em si.
Em outras palavras, quando relacionamos o magis ao trabalho, compreendemos que, quanto mais nos dedicamos a ele, nos engajamos e nos empenhamos em oferecer o que há de melhor em nós, estamos, na verdade, dando razões e sentido ao que fazemos, o que invariavelmente nos leva a fazer melhores entregas.
É nessa perspectiva que o trabalho precisa ser vivenciado: não apenas como meio de suster nossas necessidades básicas, senão como fruto da nossa própria condição humana, que é impelida a construir e a transformar o ambiente que nos cerca através de nossas ações, buscando meios e estratégias para que ele seja meio de vida e não de adoecimento.
Assim, independentemente da nossa função ou cargo, que possamos compreender a magnitude do cuidado de si e do outro (cura personalis), para irradiarmos a alegria de compartilhar frutos diários de harmonia entre aqueles com quem dividimos nosso tempo em prol de uma mesma missão que nos irmana e nos encoraja a em tudo amar e servir.
Um abençoado e feliz Dia do Trabalhador!