Para responder à pergunta do título da matéria, a Rede de Pais do Colégio Anchieta, de Porto Alegre (RS), convidou o Dr. Alberto Scofano Mainieri, médico pediatra e hebiatra e especialista em atendimento psicológico sistêmico e em terapia cognitivo-comportamental para um bate-papo, realizado no dia 20 de junho.
“Todas as nossas emoções, reações e comportamentos são determinados pelo nosso cérebro baseado em três grandes blocos de informações”, explicou Dr. Mainieri no início da palestra. São eles epigenéticos, genéticos e vivências. Ao contrário dos dados epigenéticos e genéticos, que são imutáveis, é importante lembrar que as vivências que podem ser gerenciadas são registradas no cérebro das crianças desde a vida intrauterina e usadas em seus comportamentos. “São nas vivências que vamos estabelecer uma série de comportamentos dentro de nós que vão nos levar a agir como a gente age”, disse.
Para ajudar na compreensão, Dr. Mainieri utilizou a crença do nome completo como exemplo. O indivíduo que, na infância, era conhecido pelo apelido e chamado pelo nome completo somente para receber uma crítica ou ser castigado, vai associar seu nome completo a memórias ruins. Isto é, a partir da própria vivência, esse adolescente ou adulto, ao ser chamado pelo nome completo, poderá reagir com medo (emoção) e se esconder (comportamento). “Dependendo do que vocês gravaram na cabeça dos filhos de vocês durante toda a infância, eles vão reagir na vida adulta ou na adolescência”, destacou.
De acordo com o médico, outro ponto importante na criação dos filhos são os comportamentos aos quais são expostos, como os exemplos, as atitudes, as críticas, os elogios e os comentários dirigidos a eles. Nesse sentido, a rigidez na criação pode levar à crença da perfeição, gerando baixa autoestima e autocrítica excessiva, por exemplo. “As crenças que nós construímos durante a nossa infância são baseadas no comportamento que os nossos pais tiveram conosco”, afirmou.
Dr. Alberto Mainieri concluiu que os filhos precisam da aceitação da identidade, da valorização de quem são e das suas potencialidades, da validação dos seus sentimentos e pensamentos, do respeito à sua individualidade, da compreensão, do amparo e apoio, da confiança e autonomia, do estímulo e do encorajamento para evoluir. A mensagem final serve como conselho para todos que vivem a missão de educar crianças e adolescentes: “Nós temos que dar corda para que nossos filhos explorem, conheçam e vejam o mundo, mas temos que estar de olho para saber se aquilo com que eles estão tendo contato é viável ou não é viável”. Educar para a vida, portanto, é o maior e mais importante desafio da vida dos pais.
Fonte: Colégio Anchieta (RS)