Por Wilson Martins Junior, gerente de Tecnologia da Informação do Colégio São Luís, de São Paulo (SP). Possui MBA em Inovação e Transformação Digital pela XP Educação, MBA em Business Strategy pela University of La Verne, MBA em Gestão de TI pela FIAP, extensão em Processos e Controles Internos pela Fipecaf e Bacharelado em Sistemas de Informação.
A tecnologia já está integrada à vida de crianças e adolescentes, que possuem acesso cada vez mais precoce aos dispositivos eletrônicos. Smartphones, tablets, computadores e outros equipamentos se tornaram ferramentas comuns de comunicação, aprendizado e entretenimento. No entanto, juntamente com os benefícios, surgem também diversos desafios e preocupações relacionados aos riscos de privacidade, ao cyberbullying, às consequências do tempo excessivo de tela, ao vício em tecnologia, à reputação digital e à exposição dos jovens usuários a conteúdo inapropriado. Diante desses perigos, é necessário adotar medidas eficazes para garantir a segurança e o bem-estar das crianças e dos adolescentes.
A urgência desse tema é percebida quando se avalia os sintomas que a sociedade tem manifestado. Em uma pesquisa realizada pela Microsoft, 74% dos adolescentes entrevistados relataram ter vivenciado uma situação online de risco no último ano, e 39% deles disseram ter experimentado discurso de ódio no meio digital. Outras pesquisas indicam que aproximadamente 80% das crianças e dos adolescentes entre 8 e 18 anos têm acesso a dispositivos eletrônicos, sendo que 50% deles passam mais de 4 horas por dia conectados e cerca de 40% relatam que se sentem viciados.
Especialistas do meio jurídico informam que é crescente o número de processos judiciários envolvendo crianças e adolescentes em casos de cyberbullying. Também é crescente a procura por escritórios de advocacia com objetivo de retirar da internet imagens e vídeos difamatórios envolvendo esse público.
A importância da educação digital e do acompanhamento de um adulto
A educação digital é essencial no preparo de crianças e adolescentes para a constante expansão do mundo tecnológico. O diálogo e a proximidade, por sua vez, são importantes para que vínculos de confiança sejam estabelecidos nesse processo educativo. Essas estratégias combinadas são ações fundamentais de proteção e cuidado, que fornecem uma base sólida para que os jovens possam explorar a internet de forma segura e responsável.
Para isso, é importante que os adultos estejam atualizados e conheçam bem as plataformas digitais. Além de saber quais aplicativos e redes sociais as crianças e os adolescentes mais utilizam, os responsáveis também precisam fazer uso desses aplicativos e estar presentes nessas redes. Isso contribui para que os momentos de conversa e de partilha de experiências sobre o tema sejam mais consistentes.
Mas, além de inserir a cultura digital no contexto e no diálogo familiar, também é recomendado que os responsáveis utilizem softwares de controle parental. Essas ferramentas, ao contrário do que se possa imaginar, não são instrumentos de privação ou de repressão, mas sim de proteção e orientação; são medidas de amor. Alguns dos recursos importantes proporcionados por elas são: permitir a seleção de conteúdos de acordo com a faixa etária, definir o tempo de uso, localizar e bloquear remotamente os dispositivos, além de condicionar o download de aplicativos e jogos à aprovação dos responsáveis.
É importante os adultos entenderem que, apesar de os jovens serem nativos digitais, demonstrando facilidade e agilidade na pesquisa e instalação de jogos e aplicativos, isso não significa que, sozinhos, eles terão discernimento para se afastar do que é ruim e aproveitar o que é bom. Essa é uma atribuição de pais, mães, responsáveis e educadores, que não devem negligenciar esse papel.
De acordo com a pesquisa “Parental Mediation of Children’s Digital Media Use: a Systematic Review of Effects on Child Outcomes” (2018), a mediação ativa dos pais, incluindo o uso de controle parental e o diálogo sobre os benefícios e riscos da tecnologia, foi capaz de promover uma menor exposição das crianças a conteúdo inapropriado e uma maior compreensão, por parte delas, dos riscos existentes no ambiente virtual.
De modo semelhante, a pesquisa “Parental Mediation of Children’s Smartphone Use: The Role of Parenting Styles and Parent-Child Communication” (2021) demonstrou que a combinação de controle parental ativo, diálogo aberto e estilos parentais autoritativos foi responsável por uma redução nos comportamentos de risco online e a uma maior percepção de segurança por parte das crianças.
Diante desses dados, comprova-se que, ao implementar medidas de controle parental, como o estabelecimento de regras claras e a promoção do diálogo aberto, os adultos desempenham um papel essencial na proteção e no desenvolvimento saudável dos jovens no mundo digital.
Nos vídeos listados abaixo, estão os passos para a configuração do controle parental nos celulares (IOS e Androide) de crianças e adolescentes:
CULTURA DIGITAL: Controle parental – Versão Androide [por] Ana Paula Bellizia. São Paulo: Colégio São Luís, 2023. Publicado pelo canal TV São Luís. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=9OXUrcdi7Lw. Acesso em: 28 jun. 2023.
CULTURA DIGITAL: Controle parental – Versão IOS [por] Alessandra Colombo Rossetto Bronze. São Paulo: Colégio São Luís, 2023. Publicado pelo canal TV São Luís. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Rmxz9luHAo8. Acesso em: 28 jun. 2023.
Para saber mais:
MARTINS JUNIOR, W. Controle Parental: um cuidado que todo pai, mãe e responsável precisa ter. São Paulo: [s.n.], 2023. Disponível em: https://a.co/d/7BYlio8