Artigo: “Como Santo Inácio, somos chamados à Santidade que brota do humano”

Por Pe. Jean Fábio Santana, superior do Núcleo Apostólico Jesuíta na Bahia

Diante de mais uma oportunidade de festejar Santo Inácio de Loyola, somos convidados a louvar e agradecer a Deus pelo dom da sua vida, vocação e legado espiritual semeado no seio da Igreja e no coração do mundo.

Inspirado nas palavras do padre Adroaldo, registradas no editorial da Revista Itaici de número 125, ouso afirmar que celebrar Santo Inácio tem mais a ver com nos colocarmos diante de toda sua caminhada para a santidade do que contemplá-lo no alto da sua glória. Pois, como nos lembra o citado padre “o que seria a santidade dos nossos santos e santas se lhes tirássemos toda a história e sequência de esforços, fadigas, quedas, tentações, crises, pequenos e quase imperceptíveis passos à frente, momentos de alegria de tristeza, de intimidade com Deus de obscuridade na fé?”

A história de Inácio nos dá um bom exemplo de santidade gestada a partir da vida concreta de uma pessoa, da sua realidade humana, histórica e existencial. Foi no exercício da integração das suas fragilidades físicas, psicológicas e emocionais, olhando para suas condições existenciais que Iñigo de Loyola entrou numa dinâmica de humanização da sua existência, buscando ordenar e reorientar toda a sua vida para Deus… E é nisto que consiste o verdadeiro sentido de santidade: um caminho que fazemos para Deus, em Deus e com Deus, guiados pela ação do Espírito Santo.

No contexto das festividades em honra a Santo Inácio de Loyola, neste ano de 2023, gostaria de convidar a todas as pessoas de fé a se inspirarem no caminho de santidade vivido pelo fundador da Companhia de Jesus, para buscar discernir como melhor viver o seu próprio caminho de santidade, vivendo segundo a vontade de Deus em dias e contextos exigentes como os de hoje.

Cabe a cada um de nós buscarmos o discernimento a respeito do significado dessa proposta de santidade, percebida como um processo de humanização que revela o divino que habita em nosso ser. A santidade percebida como caminho por meio do qual o indivíduo vai sendo aperfeiçoado para ser a melhor pessoa humana que pode ser, respeitando sua própria humanidade, entendendo que santidade não se trata de uma condição de excepcionalidade alcançada por pessoas extraordinárias, mas sim de um dom que todos os filhos de Deus são convidados a desenvolver. E a esse respeito, em sua homília do dia 1º de novembro de 2013, na primeira Festa de Todos os Santos como Papa, Francisco afirma belamente que “ser santo não é ser super-herói, mas sim seres humanos pecadores, num caminho que compreende humildade e sofrimento para deixar que Cristo nos santifique. Humilhação nossa, para que o Senhor cresça, é regra da santidade. Os Santos não são super-homens, super mulheres e nem nasceram perfeitos. São pessoas que antes de chegar à glória do céu viveram uma vida normal, com alegrias e tristezas, fatigas e esperanças, mas quando conheceram o amor de Deus, o seguiram de coração, sem nenhuma condição ou hipocrisia”.

Finalizo desejando que todos possam colecionar testemunhos e histórias de santos e santas, homens e mulheres reais cuja peregrinação espiritual deixou um rastro de santidade que ilumina, até hoje, as trilhas para que possamos fazer o nosso caminho para Deus, acreditando não somente que é possível, mas buscando viver uma santidade humanizada, com os “olhos fixos no Senhor”.

Fonte: Colégio Antônio Vieira

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