Pe. Klein, SJ, reafirma a importância de educadores inacianos estarem atentos aos apelos da realidade

“A Pedagogia Inaciana deve estar atenta aos apelos da realidade contemporânea já que tem como meta a formação de líderes cristãos em serviço à sociedade, que precisa da transformação na perspectiva da reconciliação e da justiça. Por isso, ela oferece uma educação católica, personalizada, multidimensional, com excelência humana, e não apenas intelectual”. A afirmação é do Pe. Luiz Fernando Klein, SJ, assessor pedagógico da Rede Jesuíta de Educação (RJE), doutor em Educação e um estudioso da Pedagogia Inaciana. 

Em palestra no Programa de Formação Docente do Colégio Antônio Vieira, de Salvador (BA), ele enfatizou o quanto o caráter de ressignificação constante da educação jesuítica se faz fundamental atualmente, em meio aos clamores da realidade que apontam para a necessidade de uma “reimaginação” da educação, diante da crise socioambiental no planeta. Inspirada nos ensinamentos do fundador da Companhia de Jesus, Santo Inácio de Loyola, a Pedagogia Inaciana norteia os projetos político-pedagógicos das unidades educativas jesuítas em todo mundo. 

O diretor da RJE, professor Fernando Guidini, e a assessora pedagógica da Rede, Ana Maria Loureiro, também se fizeram presentes no encontro virtual. “Uma alegria estar partilhando esse momento neste Programa de Formação que o colégio organizou desde o início do ano e que tem aberto para que outras unidades da Rede participem. São formações importantes, como esta oportunidade com o Padre Klein, até porque, ao longo dos últimos anos, nós também fomos nos transformando como Educação Jesuítica”, declarou o professor Guidini. 

O evento de formação ainda contou um momento de espiritualidade conduzido pelo pastoralista Rafael Nascimento, do Serviço de Orientação Religiosa e Pastoral do colégio (Sorpa). 

Apelos da realidade

Em sua palestra, Pe. Klein destacou que os educadores inacianos podem buscar diretrizes para atender aos apelos da realidade contemporânea feitos à educação, a partir de sete iniciativas já ocorridas neste sentido: quatro das Igrejas (não só a Católica); duas de organismos intergovernamentais e uma da sociedade civil. 

Da parte das Igrejas, seriam iniciativas do Papa Francisco, como o Pacto Educativo Global e outras ações que se relacionam, como a Encíclica Laudato Si e, depois, a Plataforma Laudato Si, que impulsionam para uma educação focada na sustentabilidade. Há ainda o projeto Economia de Francisco e Clara, que faz uma alusão aos santos e suas atuações como ponte entre os que têm muito e os que têm pouco. Para além da Igreja Católica, há o documento “Fraternidade Humana em prol da Paz Mundial e da Convivência Comum”, assinado pelo Papa e pelo líder islâmico Grão Imame de Al-Azhar Ahmad Al-Tayyeb; e o relatório final do encontro ecumênico do qual o Papa também participou, em outubro de 2021, e que reúne as expectativas educacionais de mais de 17 líderes religiosos. 

Em relação aos organismos internacionais, ele citou o atual Relatório da Unesco, intitulado “Reimaginar nossos futuros juntos”, que convida os educadores a repensar a educação como um novo contrato social, pautado na qualidade educacional ao longo da vida e concebida como bem comum, valorizando as pedagogias da cooperação, colaboração, solidariedade e as aprendizagens ecológicas.  Outro clamor à educação, segundo Pe. Klein, provém da Agenda 2030, aprovada pela Organização das Nações Unidas (ONU)  e que indica “17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”. Pela sociedade civil, ele destacou a Campanha Mundial pela Educação (CME), lançada por organizações não-governamentais em 1999, na Espanha. Na América Latina, ela se traduziu na Campanha Latino-americana pelo Direito à Educação (Clade).   

No caso específico da Companhia de Jesus, o palestrante lembrou aos educadores jesuítas o Direito Universal à Educação de Qualidade, assegurado pela Declaração Universal dos Direitos Humanos e promovido oficialmente, em 2019, pela Conferência dos Superiores Provinciais da América Latina (Cpal). De modo geral, ele acredita que os temas propostos em clamor à educação “podem ser abordados em atividades transversais e para a reflexão pedagógica em vários segmentos da comunidade educativa, sempre a partir do discernimento, que é uma premissa da Pedagogia Inaciana” que, por sua vez, “não deve se blindar ou se reduzir à sua mera agenda e, sim, estar antenada às necessidades prementes da humanidade que pede socorro”, como concluiu.

Fonte: Colégio Antônio Vieira

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