Por Sílvio de Almeida Júnior, professor e orientador do Serviço de Orientação Religiosa, Espiritual e de Pastoral (SOREP) do Colégio Anchieta, de Porto Alegre (RS).
O Encontro de Formação Integral se propõe a criar um espaço, uma experiência, uma vivência formativa integral, que realmente possa trabalhar as três dimensões dos jovens: cognitiva, socioemocional e espiritual. Nós acreditamos profundamente no protagonismo do jovem. É o jovem sendo o protagonista que ele realmente vai se desenvolver integralmente, totalmente, e vai viver aquilo que ele deve ser no mundo, um sinal, um líder, um provocador de transformações, de pequenas e grandes transformações. O EFI catalisa esse processo, porque ele traz uma série de dinâmicas, de experiências, de vivências que vão provocar para que esse protagonismo comece a surgir, a despertar dentro do jovem. Os jovens que lá estão, cada um na sua característica, na sua essência, no seu formato, são protagonistas. Até porque toda juventude é protagonista. De formas diferentes, de maneiras diferentes, com manifestações diferentes, a juventude toda é convidada a protagonizar o mundo onde se encontra. E o protagonismo, claro, ele pode ser de maior ou menor escala, ênfase, mas é protagonismo. É um espaço para que o jovem lidere, se expresse, tome o seu espaço no mundo e faça com que boas práticas, boas ações, bons projetos, boas atitudes, sejam elas cotidianas, aconteçam a partir da sua ação.
O EFI se torna muito importante, porque ele ajuda os jovens a sintetizar, a vivenciar, a experienciar uma série de vivências que vão impactar na maneira como eles vão ver, por exemplo, o seu autoconhecimento. Os jovens nos dizem que existem muitas coisas do dia a dia que passam batido, pois o mundo é muito acelerado e disperso, são muitos estímulos, e quando tu tens uma imersão, ela possibilita esse desligamento total do mundo para gente poder olhar para dentro com profundidade; olhar os nossos medos, os nossos sonhos, quem somos profundamente. O jovem é provocado a olhar para quem ele realmente é a partir das suas relações, quem ele valoriza, quem é importante pra ele, que sonhos ele tem, que buscas ele está fazendo, que escolhas ele está tendo.
Ele vai passar a pensar nos seus sentimentos, o que que se passa no coração dele, o que isso significa. Ele vai pensar nos seus talentos, os seus dons, o que que ele tem para colocar à disposição do mundo. Vai pensar no que ele sonha e como esses sonhos são importantes para sua felicidade, para felicidade de todos à sua volta e para realização de grandes coisas no mundo. Ele vai olhar pra dentro de si com toda essa riqueza e aí ele vai pensar no mundo exterior, na sua alteridade. E como é importante esse olhar que traz essa possibilidade de enxergar Deus, a espiritualidade, o mistério em tudo que está à sua volta, como a sociedade precisa dele, como tem sofrimentos no mundo que ele pode ajudar a minimizar, dificuldades que ele pode ajudar a resolver, que o futuro está na mão dele e que o futuro depende, sim, dele também. E como tem desafios no mundo que são desafios para ele, mas desafio para toda a sociedade. Muitos desafios ele, a partir das suas habilidades, a partir da sua energia, vai poder ajudar a transformar.
O EFI proporciona muitos desafios e, em cada um deles, acaba fazendo com que o jovem precise dar as mãos para quem é diferente dele, se conectar com alguém que ele não conhece para viver aquela experiência e transpor aquele obstáculo. O EFI é um espaço de abertura do próprio coração, que é cura personalis, um dos termos muito forte na Espiritualidade Inaciana. Esse espaço onde eu posso dividir minhas dificuldades com o outro, eu tenho abertura para iniciar um processo de transformação interior, de trabalhar o meu coração para buscar essa pessoa melhor que eu desejo ser, porque sempre estaremos nessa construção, dia a dia, pouco a pouco, buscando o melhor de nós que também impactará no melhor para o mundo.
Escutei de muitos jovens que já haviam sido convidados, mas não estavam prontos para meditar, projetar o projeto de vida e pensar sobre essas coisas, então é fundamental propomos esses espaços de mergulho profundo dentro de si mesmo, da convivência em grupo, da partilha profunda, do projeto de vida, do pensamento como futuro, como sociedade, como um ser que faz parte de um mundo todo conectado.