Por Hellena Jacone, neuropsicóloga e orientadora educacional do Colégio Anchieta, de Nova Friburgo (RJ).
A adolescência caracteriza-se como uma fase crucial de transição, marcada não apenas por mudanças físicas, mas também por transformações psicológicas e emocionais. Durante esse período, os adolescentes buscam alcançar a individuação, um processo que envolve a formação da identidade própria e a busca por autonomia. Essa jornada, no entanto, é muitas vezes desafiadora, pois durante esse período o adolescente se diferencia dos cuidadores primários e busca identificar-se com os pares, YouTubers, TikTokers… e isso pode gerar insegurança para os pais que sempre foram a principal referência. Nesse processo é importante que a família continue acompanhando o adolescente, e cuide para não ocupar apenas o lugar da cobrança, dando um espaço para a construção da própria personalidade e investindo em uma conexão respeitosa, com momentos de prazer e qualidade.
A saúde mental dos adolescentes torna-se uma peça central nesse quebra-cabeça complexo. Pressões acadêmicas, mudanças hormonais e desafios sociais podem impactar significativamente o bem-estar emocional. Os sinais de alerta estão associados à capacidade do adolescente se relacionar com os pares e estudar, se alguma dessas atividades começam a ficar difíceis de serem realizadas é importante que a família e a escola busquem juntos os melhores encaminhamentos, respeitando as necessidades individuais de cada adolescente.
A parceria entre escola e família desempenha um papel crucial no desenvolvimento saudável dos adolescentes. Ambos os ambientes devem colaborar para proporcionar um suporte consistente e coerente. A colaboração efetiva entre essas duas esferas contribui para a construção de um ambiente de aprendizado mais integrado e compreensivo. Além disso, estabelecer um ambiente de apoio e comunicação aberta pode ser vital para auxiliar os adolescentes a lidarem com esses desafios.
A rotina de estudos, por sua vez, é uma parte significativa do cotidiano do adolescente. Estabelecer uma rotina equilibrada, com tempo para estudos, atividades extracurriculares e descanso, é essencial para o desempenho acadêmico e a saúde mental. A pressão por resultados muitas vezes pode levar a uma sobrecarga de estudos, resultando em estresse excessivo. Portanto, é importante promover métodos de estudo saudáveis, incentivando pausas regulares.
Nos colégios da Rede Jesuíta compreendemos a adolescência conectada ao conceito de “magis” inaciano que sugere uma busca mais profunda, não apenas por resultados acadêmicos, mas também por um desenvolvimento humano mais significativo. Em termos acadêmicos, os jovens são encorajados a explorar seus interesses, desafiando-se intelectualmente e buscando uma compreensão mais profunda do conhecimento. Não se trata apenas de notas e classificações, mas sim de um compromisso ativo com o aprendizado e o crescimento intelectual.
No âmbito humano, o “magis” na adolescência implica uma busca pela excelência pessoal, ética e social. Os jovens são incentivados a desenvolver habilidades de pensamento crítico, empatia e responsabilidade social. Eles são desafiados a considerar como podem contribuir positivamente para a comunidade ao seu redor (iniciando na própria casa, no Colégio) e se estendendo para o mundo em geral.
Fonte: Colégio Anchieta (RJ)