Em um universo em que as famílias vão aos poucos se adaptando às novas formas de aprendizagem no século 21, cabe mais do que nunca à escola estar à frente e oferecer práticas pedagógicas conectadas aos novos interesses e múltiplas habilidades das crianças. O objetivo é promover a descoberta de conhecimentos de forma mais potente e estimulante para elas, sem deixar de assegurar os avanços tão esperados pelos pais e responsáveis nesta etapa escolar.
A alfabetização, assim, precisa ir muito além das antigas cartilhas, em que até se aprendia, rapidamente, a ler fonemas e juntar sílabas, mas, muitas vezes, sem qualquer contextualização e respeito ao ritmo de aprendizagem de cada criança, como ser individual e social. Afinal, a interpretação de textos, a formação do senso crítico, a argumentação e a percepção de realidade – potencialidades que antes eram sequer cogitadas para a faixa etária – hoje saltam aos olhos das crianças da geração atual.
“A cada cinco anos temos uma nova geração, e a escola deve buscar sempre atualizar seu currículo e metodologias para atender ao novo modelo mental da criança do tempo presente, sobretudo após a internet, as redes sociais. É por isso que não faz sentido oferecer aos filhos uma escola igual à que os pais estudaram. A educação precisa evoluir para acompanhar as novas gerações”. É o que sempre alerta a equipe pedagógica do Colégio Antônio Vieira, em Salvador (BA), nas reuniões com as famílias das crianças nesta etapa escolar.
Para além da cartilha
Os investimentos na formação constante de educadores fazem parte de um programa anual, inclusive com imersão em estudos e eventuais visitas técnicas em outras unidades educativas da Rede Jesuíta de Educação no Brasil e também em escolas no exterior. O objetivo é estar atento às abordagens pedagógicas contemporâneas, a exemplo da italiana Reggio Emilia, idealizada pelo professor e poeta Loris Malaguzzi. O diálogo é feito, entretanto, de modo a fazer sentido para os princípios e valores da Pedagogia Inaciana, marco da qualidade educativa dos colégios jesuítas em todo o mundo.
O projeto pedagógico do Colégio busca, assim, estar sempre sendo ressignificado para responder às demandas das crianças e jovens do tempo presente, mantendo-se conectado às suas aspirações e contextos de mundo. No caso da alfabetização, “a proposta educacional busca atender às expectativas do processo de aprendizagem nesta etapa escolar, respeitando o momento de transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental, com ludicidade, desenvolvimento da consciência fonológica e uso de práticas diversificadas de letramento”, explica a equipe pedagógica dos 1º e 2º anos do Ensino Fundamental, coordenada pela professora Adriana Novis, também pós-graduada na área.
Múltiplas linguagens
“Reconhecer a criança e suas múltiplas linguagens nos desafia a encontrar novos caminhos. Assim, a leitura e a escrita, dentro de práticas contextualizadas, trazem sentido ao processo”, diz a professora Judith Pla Cid. “A alfabetização é definida como um processo de aprendizagem em que se desenvolve a habilidade de ler e escrever de maneira adequada e de modo a utilizá-la como um código de comunicação com o seu meio. A educação precisa, portanto, acompanhar esses tempos, principalmente em se tratando de crianças dinâmicas, lúdicas e cheias de vontade de aprender”, completa a professora Roberta Santino. A equipe do Vieira conta ainda com orientadoras educacionais, por série, que fazem um acompanhamento personalizado do desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças, dialogando também com os pais e responsáveis.
A administradora Livy Assis revela que, ao acompanhar o desenvolvimento do filho Fernando, chegou a achar, em um primeiro momento, que o menino estava tendo dificuldades com a leitura. “Mas, logo depois notei, de repente, saltos significativos, com uma leitura mais fluida, acompanhando os avanços que ele já revelava na escrita e na interpretação de mundo, mostrando que era mesmo uma competência que estava sendo trabalhada pela escola dentro do ritmo de aprendizagem dele”, conta. Ela destaca o apoio que teve da equipe pedagógica do Vieira, orientando, “sempre de forma muito afetiva e atenciosa”, sobre a importância de uma alfabetização para o tempo presente, inclusive em suas conexões com o futuro.
Fonte: Revista Vieirense, uma publicação do Colégio Antônio Vieira (BA)
Fotos: Secom/CAV