Atividades especiais marcam o mês da Consciência Negra nas unidades da RJE

No mês da Consciência Negra, as unidades da Rede Jesuíta de Educação (RJE) uniram criatividade, diálogo e aprendizado para promover atividades que valorizam a cultura afro-brasileira e reforçam o compromisso com a equidade racial. Com palestras, oficinas, apresentações e atividades, estudantes e educadores vivenciaram momentos que destacaram a importância do respeito, da diversidade e da construção de uma sociedade mais justa para todos.

No Colégio Anchieta, em Porto Alegre (RS), os estudantes do 3º ano do Ensino Fundamental participaram do Piquenique Literário, atividade de conclusão dos estudos sobre as heranças africana e indígena. O objetivo é valorizar a diversidade cultural e promover a inclusão, ressaltando as potencialidades e contribuições dessas culturas. O evento aconteceu no bosque, e houve toda uma ambientação com artefatos africanos e indígenas, tecidos, capulanas, instrumentos, bonecas negras, colares, cocares. “Os estudantes são convidados a saborearem literatura sobre a temática cultural afro-brasileira e indígena. Os livros são selecionados pelos professores e pelo auxiliar de biblioteca. Um momento rico de leitura, contemplação e aprendizagem”, destacou Dionara Ritta, do Serviço de Orientação Religiosa, Espiritual e de Pastoral (Sorep).

Para o Dia da Consciência Negra, o Colégio Antônio Vieira, em Salvador (BA), programou, para os colaboradores, a apresentação da peça teatral Dandara dos Palmares, que aborda o tema da valorização da cultura africana na formação do povo brasileiro, tratando também de questões como racismo. No caso dos estudantes, desde o mês de setembro acontecem a culminância de projetos pedagógicos que se alinham à proposta de educação antirracista e de valorização da diversidade racial: África, eu sou porque nós somos e Salvador: território africano. Além disso, a fundadora do perfil O Espelho do Preto, escritora, influenciadora digital e contadora de histórias na biblioteca do Vieira, Sheyla Bastos, foi entrevistada para o site da instituição, e destacou a importância de uma educação antirracista em casa e na escola. Confira aqui.

No dia 09 de novembro, o Colégio Santo Inácio, no Rio de Janeiro (RJ), realizou a segunda edição do Seminário Temático Educação Antirracista, voltado aos seus colaboradores. Neste ano, o tema foi Uma perspectiva sobre as relações étnico-raciais. Organizado pelo Conselho para a Cultura do Cuidado, o seminário teve como objetivo promover uma reflexão sobre a importância da educação na luta contra o racismo, com foco na construção de uma sociedade mais justa e igualitária. A professora e pós-doutora em História Social da Cultura, Alessandra Gonzalez de Carvalho Seixlack, abordou o racismo contra os povos originários da América, destacando como, ainda hoje, atitudes preconceituosas e racistas persistem contra as populações indígenas. A professora também apresentou seu projeto de pesquisa na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, intitulado Caminhos de Abya Yala – Intelectuais Indígenas do Continente Americano

O coordenador pedagógico do Colégio São Luís, em São Paulo (SP), Paulo César Bacelar Pinheiro, destacou a importância da educação antirracista nas escolas. Em sua fala, Pinheiro trouxe exemplos práticos, experiências e vivências acumuladas ao longo de mais de quatro anos no CSL, ressaltando que, sem uma postura efetivamente antirracista, o racismo tende a se perpetuar e a ser normalizado. O coordenador enfatizou a importância de reconhecer o caráter estrutural do racismo e o modo como o sistema tem historicamente beneficiado a população branca. Além disso, apontou para a relevância de ações formativas destinadas a educadores, famílias e estudantes, como palestras com especialistas, clubes de leitura antirracista, oficinas para docentes e custeio de cursos de capacitação, destacando ainda a importância do apoio ao letramento racial crítico para criar uma cultura antirracista.

A programação também contou com a presença de Rafael Silva, gerente de Relacionamento, Equidade e Inclusão da Our Lady of Mercy School (OLM). Em sua apresentação, Silva reforçou a necessidade de construção de um currículo decolonial e de um ambiente escolar que valorize positivamente a história e cultura de grupos minorizados por meio de uma abordagem transversal, capaz de promover saberes, valores, representações e identidades positivas. Para ele, essa temática não deve ser restrita a uma aula ou a um único dia; é essencial que permeie a escola por meio de uma prática pedagógica transformadora. Já a idealizadora e coordenadora da Rede de Professores Antirracistas, Lavini Castro, conduziu uma oficina prática e vivencial sobre Educação Antirracista. Durante a atividade, os educadores refletiram e debateram sobre a questão Por que é importante discutir o racismo na escola?. A partir desse ponto, Lavini trouxe exemplos reais de situações racistas e incentivou os participantes a desenvolverem planos de ação.

O Colégio São Luís, em São Paulo (SP), realiza diversas atividades e ações ao longo do ano. O tema AfroBrasil orientou os trabalhos do 8º ano, que exploraram as contribuições e influências da cultura africana no Brasil. Entre os projetos, os alunos apresentaram minipodcasts sobre heróis negros que marcaram a história do país, destacando figuras como Zumbi dos Palmares, Maria Firmina dos Reis e Luiz Gama. Além disso, no projeto As marcas da Imigração negra no Brasil: territorialidade e musicalidade africana em São Paulo, os estudantes investigaram a presença da cultura africana na metrópole. Por meio de atividades em Artes, Geografia, História e Música, eles ampliaram seu repertório cultural e criaram uma canção inspirada nas marcas da musicalidade africana na cidade, além de painéis artísticos que revelam a riqueza e a subjetividade dessa herança cultural.  Ouça aqui os minipodcasts. 

Além disso, as turmas trabalham com livros paradidáticos sobre o tema: Nós de Axé e Meu avô africano, no 2º ano do Ensino Fundamental; Black Power de Akim e Óculos de cor, no 3º ano do Ensino Fundamental; O Brasil que veio da África, no 4º ano; e Óculos de cor: ver e não enxergar, no 5º ano. Na terça-feira, 19 de novembro, o Colégio oferecerá um cardápio afro-brasileiro durante o almoço e na próxima segunda-feira, 25/11, o Coletivo Girô está preparando uma apresentação.

As turmas do Maternal 2 do Colégio Anchieta, em Nova Friburgo (RJ), trabalharam o tema História e Cultura Afro-brasileira a partir da leitura do livro O pequeno príncipe preto. As famílias foram convidadas a conhecer a história e, depois, as crianças descobriram a origem das suas famílias. Para a construção e exposição do mural, os alunos levaram uma foto de família juntamente com um desenho e uma palavra que representasse o significado da palavra afeto. Os pequenos do Maternal 3 embarcaram em uma jornada pela África. A leitura da história Chapeuzinho Vermelho, de Joseph Jacobs, em uma versão onde os personagens são negros, permitiu que os estudantes identificaram, no clássico, algumas características diferentes, principalmente a cor da pele e o tipo de cabelo. A partir dessas observações, as professoras deram continuidade ao trabalho com a história Menina Bonita do Laço de Fita, de Ana Maria Machado. Por meio de uma narrativa simples e cativante, o livro celebra a diversidade, a beleza e o respeito às diferenças, transmitindo valores importantes de forma leve e poética. As crianças confeccionaram bonecas de papel, que foram expostas no mural.

Os alunos de 2º e 3º anos do Ensino Fundamental – Anos Iniciais leram o livro Menina bonita do laço de fita e refletiram sobre o tema, e produziram bonecos para mostrar o quanto somos diferentes e importantes uns para os outros. No projeto Meu país é colorido de cultura e ancestralidade, os estudantes do 4º e 5º anos discutiram sobre reportagens a respeito de racismo, desvalorização do trabalhador negro, religiões e cultura africana. As turmas confeccionaram murais coletivos, reflexivos e informativos para mostrar aos alunos, colaboradores e visitantes o trabalho desenvolvido e, assim, propiciar um momento de busca por conhecimento e o resgate da valorização da cultura africana.

Os estudantes da 1ª série do Ensino Médio do Colégio Loyola, em Belo Horizonte (MG), são os responsáveis pela exposição Vozes Negras, uma homenagem a mulheres negras de grande importância no cenário artístico e literário atual do Brasil. As inspirações para o trabalho foram a investigação de grafites dos muros de Belo Horizonte e a leitura de uma antologia poética da literatura contemporânea. Em grupos, eles escolheram imagens e versos e, a partir da relação que estabeleceram entre eles, pintaram grandes painéis. Cada pintura é acompanhada por um QRCode, que dá acesso ao poema de inspiração, narrado na voz dos jovens.

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