Nesta segunda-feira, 05 de junho, comemora-se o Dia Mundial do Meio Ambiente. A data, criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, na Suécia, em 1972, tem como objetivo conscientizar e promover ações para proteger o planeta, através de discussões sobre aquecimento global, perda da biodiversidade e poluição. Justiça socioambiental e colaboração com a sustentabilidade são dois dos valores da Rede Jesuíta de Educação (RJE). Para formar crianças e adolescentes conscientes, competentes, compassivos, criativos e comprometidos, é fundamental que se aprenda, no ambiente escolar, como cuidar da Casa Comum.
O Colégio Catarinense, em Florianópolis (SC), desenvolve, desde 2011, o Projeto “Lixo Zero”, que promove a sensibilização ambiental, a sustentabilidade, a redução de desperdícios, o encaminhamento total dos resíduos sólidos e a conservação da natureza. Depois da formação de um comitê para pensar em como operacionalizar o projeto dentro da instituição, foram instaladas uma composteira e compartimentos de material reciclável. Há um residuário central, onde todos os resíduos são triados, e os materiais, como caixas de papelão, isopor e plástico, depois de higienizados, podem ser utilizados nos trabalhos escolares. “Essa central também é um local pedagógico, em que realizamos aulas com os alunos sobre questões ambientais”, explica Karen Espíndola, coordenadora do Laboratório de Ecologia Integral do Catarinense.
Um dos resultados do projeto foi a redução da quantidade de resíduos que o colégio encaminha para o Aterro Sanitário: de 26 contêineres para nove. Além disso, parte dos resíduos é doado para uma cooperativa de recicladores, que vende e reverte em recursos para o orçamento familiar. Recentemente, no mês de abril, o Catarinense recebeu o título “Atitude Cidadã”, concedido pelo Instituto Lixo Zero Brasil, com indicação do Coletivo Lixo Zero Floripa, que reconhece instituições e pessoas que promovem iniciativas sustentáveis e de lixo zero em prol das futuras gerações. “O projeto Lixo Zero é, ao mesmo tempo, um projeto ambiental e social”, afirma Karen.
Já no Laboratório de Ecologia, são ministradas atividades e oficinas para toda a comunidade educativa. Como instituição filiada à Rede de Escolas Associadas da Unesco (PEA/Unesco), anualmente o Catarinense promove a Semana PEA/Unesco para trabalhar os temas ambientais propostos pela ONU. Em 2022, foi o Ano Internacional do Vidro, e a instituição organizou oficinas com as famílias, colaboradores e estudantes sobre o assunto. “Devemos olhar não somente na perspectiva de formação de alunos que sejam cidadãos conscientes e responsáveis, mas que eles sejam atuantes na área em que optarem por seguir, sensibilizados para tomarem decisões considerando a questão ambiental”, destaca Karen.
É na Escola Técnica de Eletrônica Francisco Moreira da Costa (ETE FMC), em Santa Rita do Sapucaí (MG), que está a maior usina solar fotovoltaica instalada em uma escola no Brasil, a Usina Solar Padre Furusawa. Inaugurada em 2018, em uma área de 15 m², ela conta com uma estrutura de 4.200 painéis solares e tem a potência de 1,113MWp / 1,5 GWh/ano. A capacidade de gerar energia garante o abastecimento de todos os colégios da RJE localizados em Minas Gerais e ajuda a reduzir a emissão de 582 toneladas de CO2 por ano.
A professora Bruna de Almeida Fernandes, que ministra as disciplinas de Eletricidade, Redes Industriais, Eletrônica Industrial, Laboratório de Projetos e Projetos de Sistemas Fotovoltaicos e Eólicos na ETE FMC, lembra que, desde a instalação da usina, a instituição tem feito vários trabalhos relacionados às energias renováveis, como cursos de curta duração, o Curso Técnico em Energias Renováveis, de palestras e consultoria para empresas. “Trabalhar a educação ambiental com os nossos alunos é uma forma de conscientizá-los sobre a importância de cuidar do meio ambiente e da nossa Casa Comum. É inseri-los dentro de um contexto de se preocupar com o meio ambiente e querer fazer a diferença de optar por escolhas mais sustentáveis”, avalia.
No Colégio Santo Inácio, do Rio de Janeiro (RJ), existe o projeto “Oficinas”, desenvolvido com as turmas do 9º ano do Ensino Fundamental à 2ª série do Ensino Médio. São oferecidas oficinas de Linguagem, Sustentabilidade e STEAM. “As turmas são divididas em três grupos e, em cada trimestre, eles passam para uma das oficinas”, explica o professor Maurício Gomes.
Em Linguagem, os estudantes fazem leituras e participam de debates e discursos, sempre a partir de temas atuais. Inaugurada em 2019, a Estação Ambiental do Santo Inácio é o local das aulas da oficina de Sustentabilidade. São 5 mil m² de Mata Atlântica dentro do terreno da instituição. A estação conta com estufa, mudário, minhocário, cactário, ponto para observação de fungos e cultivo de espécies nativas que serão reinseridas no meio ambiente.
A oficina de STEAM (Ciências, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática) contempla todas as tecnologias de baixo custo, principalmente eletroeletrônica, e trabalha experimentos voltados para as disciplinas de Física e Matemática. “O nosso entendimento desse trabalho integrado, principalmente com tecnologia e meio ambiente, é que o aluno tenha a possibilidade de colocar a mão na massa. Fomos a um distrito de Nova Petrópolis para fazer um projeto de reflorestamento. As mudas que plantamos no Santo Inácio servirão para uma área de replantio, e os estudantes compreenderão todas as etapas disso, as necessidades, o local, as nascentes das águas, etc. Entendemos que dessa forma eles podem ter a consciência e o comprometimento com as questões ambientais do que simplesmente com aulas expositivas”, comenta Márcio.
Em Nova Friburgo (RJ), o Colégio Anchieta possibilita que os estudantes participem de discussões com temáticas de educação e ética ambiental e espiritualidade ecológica. A instituição também implantou a Ecocartilha, um documento que oferece orientações básicas para a comunidade escolar para a adoção de práticas sustentáveis, seguindo a política dos 5 Rs: repensar, recusar, reduzir, reutilizar e reciclar. “A educação ambiental deve ir além da transmissão de conceitos, propondo discutir e inserir em seu contexto práticas para a formação de um sujeito ecológico consciente. Sentir e viver o fato de que somos parte do planeta e que este sentimento de pertença possa gerar cada vez mais ações que ajudem a sociedade a ser socialmente mais justa e fraterna”, analisa a coordenadora de Cidadania Global, Elaine Machado da Silva Guaralde.
Além disso, as experiências em campo proporcionam uma série de atividades lúdicas e pedagógicas. No Espaço Roça de Inácio, os estudantes participam da Alfabetização Ecológica com o uso da horta e de trabalhos ligados à preservação e à reintrodução de polinizadores nativos. A atividade, chamada The Garden Project (Observation/Investigation/Wonder) tem como objetivo despertar na comunidade educativa a consciência ecossistêmica e a compreensão do funcionamento harmonioso da natureza em um contexto bilíngue. Já no Espaço Manresa são desenvolvidas trilhas ecológicas. “Trabalhar a educação ambiental é promover práticas para o desenvolvimento da cidadania planetária que deve formar sujeitos conscientes e comprometidos com uma cultura de sustentabilidade que promova a aprendizagem do sentido das coisas, a partir de uma vida cotidiana, vivenciando processos em que pessoas e o próprio planeta sejam salvos em um projeto único e garanta o futuro da humanidade”, conclui Elaine.