Conhecer o passado é o primeiro passo para entender o presente. Ainda mais quando esse passado carrega um legado centenário de fé, luta e organização social que se conecta com as histórias de hoje. “Com essa compreensão, podemos considerar que temos uma luz de esperança”. Essas foram algumas das reflexões partilhadas pelo Pe. Alberto Luna, SJ, em uma palestra inspiradora sobre Reduções Jesuítico-Guaranis, destinada aos alunos da 2ª série do Ensino Médio do Colégio São Luís, de São Paulo (SP).
Pesquisador das culturas guaranis, Pe. Alberto, que nasceu em Caazapá, no Paraguai, e atualmente realiza sua missão em Assunção, colaborou com a preparação para o Estudo de Campo que será realizado entre os dias 20 e 25 de maio, na Tríplice Fronteira entre Argentina, Paraguai e Foz do Iguaçu. Ele detalhou a história das Reduções Jesuítico-Guaranis, estabelecidas entre os séculos XVII e XVIII. Essas comunidades representam um marco no encontro entre a fé cristã e as tradições indígenas.
Ao longo de sua análise, o jesuíta explicou a interação inicial entre os europeus – espanhóis e portugueses – e os guaranis, povos indígenas que viviam em aldeias independentes localizadas na região sul do atual Paraguai. Essas comunidades, que tradicionalmente viviam da caça, da pesca e da agricultura, foram submetidas à escravidão imposta pela coroa espanhola e às violentas expedições das entradas e bandeiras portuguesas. Contrários a essas práticas, os primeiros jesuítas que chegaram à região se opuseram ao sistema de escravatura e buscaram estabelecer um modo de vida mais digno para os guaranis.
Surgem, então, as Reduções Jesuítico-Guaranis, “uma experiência social, política, econômica, cultural e religiosa, surpreendente revolucionária para o seu tempo”, explicou o Pe. Alberto. Durante o Estudo de Campo, os alunos visitarão duas dessas localidades, a Redução Jesuítico-Guarani de Jesús de Tavarangue e a da Santíssima Trinidad de Paraná, ambas declaradas como patrimônio mundial da Unesco. Essa experiência lhes oferecerá a oportunidade única de mergulhar diretamente no legado cultural que influenciou a região.
O Estudo de Campo na Tríplice Fronteira propõe uma integração de conhecimentos que abrangem os componentes de História, Geografia, Arte, Economia e Ciências Sociais, permitindo aos estudantes uma compreensão holística dos locais que serão visitados. A viagem é desenhada para que os jovens observem, descrevam, reflitam e compreendam diversas realidades, ampliando seu horizonte acadêmico e cultural a partir da pergunta norteadora Qual América Latina queremos (des)construir?.
O fio condutor que baliza este estudo é o conceito de “Travessia”, compreendido como os trajetos que revelam a geograficidade – o modo como o homem existe no espaço – dos lugares visitados. O intuito é buscar novas sociabilidades transfronteiriças alicerçadas nos valores inacianos, nos princípios da Constituição Federal de 1988, nos parâmetros dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da Unesco e em pré-requisitos essenciais como democracia, respeito às diversas culturas, direitos humanos e justiça social.
Fonte: Colégio São Luís (SP)