Pré-Seminário JESEDU 2024 – Educando para a Fé no Século XXI

Por Marcely Jardim, assessora da Formação Cristã, Fernando Chabudt, agente da Formação Cristã e Adriano Thurler, professor de Ensino Religioso do Colégio Anchieta, em Nova Friburgo (RJ).

 

O Papa Francisco afirma que educação e religião sempre tiveram uma estreita relação. Segundo ele, em seu discurso para o encontro Religiões e Educação: Pacto Educativo Global, em 05 de outubro de 2021: “Como no passado, também hoje queremos, com a sabedoria e a humanidade das nossas tradições religiosas, ser estímulo para uma renovada ação educativa que possa fazer crescer no mundo a fraternidade universal”.

Desde então, somos provocados a pensar sobre como agir, usando nossa criatividade, diante de um dos grandes impasses do nosso século no que tange à educação, como um colégio de tradição católica. Nosso desafio hoje talvez seja justamente descobrir essa fina sintonia que nos permitirá acolher essa pluralidade religiosa, cultural e geracional, respeitando-a em toda sua potencialidade e promovendo uma cultura para o diálogo, mas ao mesmo tempo, tendo o cuidado de não perdermos nossa identidade.

Acreditamos que o modelo mais adequado para nosso contexto escolar, no que se refere a uma formação humanística, centralidade da pessoa e respeito às suas crenças e formações religiosas, é seguir a linguagem do amor, da escuta, da compreensão e da convivência harmoniosa, a exemplo do Cristo.

Nesse sentido, fomentar ainda mais que os Exercícios Espirituais, como ponto central de cada processo de formação, possam contribuir para preservar a identidade cristã e dar maior abertura para um diálogo inter-religioso.

Para construir uma cultura de formação de líderes inacianos, baseada nos Exercícios Espirituais, precisamos fazer com que cada vez mais toda a comunidade educativa possa conhecer e experienciar essa proposta. Não basta apenas ler e acompanhar o que os documentos nos dizem, é preciso “sentir e saborear”. É necessário abrir o coração, identificar o que se passa dentro de nós e à nossa volta. Os Exercícios Espirituais seriam a bússola que orienta o caminho e nos coloca em movimento para ir ao encontro da vontade de Deus.

É essencial entender que, como educadores, somos convidados a assumir corajosamente esta espiritualidade como fio condutor de nosso modo de proceder, que por sua vez, já nos interpela a vivenciar e deixar transbordar a prática e o anúncio do evangelho. Isso nos impele a perceber que Deus ilumina o caminho, capacita-nos e nos agracia com dons que devem estar a serviço do amor ao próximo, do diálogo nas diferenças, da esperança para o futuro dos nossos jovens e do cuidado com a casa comum.

Sabemos que a contemporaneidade nos desafia, com a falta de compaixão, o consumismo, a injustiça e um modelo de superficialidade nas relações. Porém, é aí que se faz necessário, em nosso contexto escolar e em nossas comunidades, desenvolver nossa capacidade de contemplação, de compaixão, de escuta, de discernimento e de ações concretas na busca da justiça, solidariedade e reconciliação com o mundo à nossa volta.

A visão do amor plenifica tudo, abarca o próprio Deus, a quem Santo Inácio vê presente em todas as criaturas, assumindo assim, o compromisso de fé e a possibilidade de esperançar uma educação que conversa com a atualidade em suas complexidades, dialoga com outros contextos religiosos, buscando um mundo mais justo, solidário e comprometido com a criação amorosa de Deus.

As propostas de formação do Pré-Seminário JESEDU 2024 nos conduzem a revisitar e contemplar lembranças e propostas de um modo de proceder próprio da espiritualidade inaciana. Também nos consolam e nos impulsionam à missão educativa da Companhia de Jesus e do nosso compromisso como Igreja a serviço, tendo como graça os Exercícios Espirituais norteando a missão.

Desta forma, também poderemos contribuir para que nossos estudantes sejam capazes de refletir e ordenar sua vida, levá-los a compreender a realidade à sua volta, tornando-os seres autônomos e que, através de um olhar compassivo e um fazer competente, consciente e comprometido, sejam agentes de mudanças na construção de uma sociedade mais justa e igualitária, atuando segundo o modo de proceder da pessoa de Jesus Cristo.

Fonte: Colégio Anchieta (RJ)

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