Construindo uma sociedade inclusiva: entendendo o conceito de Ubuntu foi o tema central do Ciclo de Formação Continuada, realizado no dia 11 de junho, no Colégio São Luís (CSL), em São Paulo (SP). Organizado pelo Coletivo Antirracista de Pais, Mães e Responsáveis do CSL, o momento foi um marco na continuidade do compromisso do Colégio com a luta antirracista, declarado publicamente em 2021. Além das famílias e de todos os alunos do Ensino Médio Noturno (EMN), o encontro contou com a presença do diretor-geral, Pe. Edison de Lima, SJ, que ressaltou a importância desse tema para toda a comunidade educativa. Ele destacou que encontros como esse potencializam o trabalho de inclusão e de promoção dos valores humanos e cristãos, que sempre fez parte do fazer educativo da Companhia de Jesus. Com essas ações do Colégio São Luís e do Coletivo, a intenção é ajudar a superar todo tipo de preconceito e violação de direitos humanos, cuidando também daqueles que muitas vezes são negligenciados.
Uma apresentação do Coletivo Griô marcou a abertura do encontro. Formado por alunos do CSL, eles encenaram o Conto do Jardineiro, de Camara Phyllis Jones, cujo enredo serviu de metáfora para a reflexão acerca do racismo estrutural. Tuna Serzedello, professor do CSL e que foi o mediador da palestra, frisou a importância dessa reflexão do racismo enquanto marca histórica da nossa sociedade citando a autora Cida Bento, que incentiva o trabalho no território da memória para a construção de um futuro antirracista.
Após a abertura, o primeiro convidado a falar foi Marcelo Batista Nery, antigo aluno do Ensino Médio Noturno do CSL e atual coordenador de transferência de tecnologia e head do Núcleo de Estudos da Violência (NEV), da Universidade de São Paulo (USP). Marcelo compartilhou sua trajetória pessoal como jovem negro da periferia de São Paulo e relembrou as dificuldades que enfrentou, explicando como essas experiências moldaram o seu trabalho atual. Marcelo também falou sobre suas pesquisas referentes à violência urbana na cidade de São Paulo, ressaltando que mudanças são possíveis e necessárias e destacando a importância de políticas públicas baseadas em dados científicos e da inclusão de diferentes perspectivas, como a de pessoas LGBTQIA+, no desenvolvimento de tecnologias.
Dando continuidade ao tema de enfrentamento ao racismo, a professora Dayse Ramos, que atua no CSL e no Instituto Singularidades, abordou a questão do racismo recreativo, explicando que atitudes racistas disfarçadas de humor causam grandes danos e precisam ser combatidas. Ela mencionou que é preciso realizar atividades que despertem nos alunos a compreensão e a percepção do racismo no cotidiano escolar. Para reforçar a trajetória antirracista do Colégio, Paulo Bacelar, professor e coordenador de área do CSL, apresentou uma linha do tempo dos trabalhos do Ensino Médio Noturno voltados a essa temática, como o Sarau da Diversidade, realizado em 2016, e o nascimento do Coletivo Griô, em 2017. Paulo destacou que a educação antirracista é uma jornada contínua e que o Colégio tem avançado significativamente nesse aspecto, integrando a temática no currículo e promovendo debates e atividades que estimulam a reflexão e a ação.
Encerrando as falas, Cláudia C. Menezes, membro do Coletivo Antirracista de Pais, Mães e Responsáveis do CSL, destacou o trabalho do grupo na luta antirracista. Ela também explicou o conceito de “Ubuntu”, palavra banto que designa a filosofia sul-africana relacionada à coletividade. Nessa perspectiva, todas as existências individuais são interdependentes, e cada ser só existe à medida que o outro também existe. Diante disso, considerou a necessidade de um letramento e de uma formação contínua que bebam dessa filosofia e promovam uma Comunidade Educativa mais inclusiva. Ao final, um espaço foi aberto para perguntas e considerações, permitindo uma rica troca de ideias e reflexões entre os presentes.
Fonte: Colégio São Luís