O futuro tem vozes e algumas delas estão no Coral do Jesuítas, do Colégio dos Jesuítas, em Juiz de Fora (MG), que reúne cerca de 60 jovens e completa, em 2025, 25 anos de trajetória. As vozes daquele início encontraram o futuro. As de hoje o perseguem. Um dos corais de estudantes mais longevos da região da Zona da Mata mineira, o grupo, em seu primeiro quarto de século, testemunhou diferentes gerações de jovens.
No início do mês, aconteceu uma apresentação especial, aberta ao público, que recebeu antigos integrantes e um convidado especial: o Coral do Colégio Anchieta, de Nova Friburgo (RJ), que representa os frutos da semente plantada pelo coral juiz-forano. “Em 2023 visitamos o Anchieta, fizemos uma oficina de canto coral e, a partir dali, eles fundaram um grupo que já conta com 30 integrantes. É uma alegria percebermos a consolidação do nosso projeto e o que nós inspiramos”, reflete o regente do Coral do Jesuítas, professor Guilherme de Oliveira. No repertório da apresentação comemorativa não faltaram clássicos da música popular brasileira, como Olhos nos olhos, de Chico Buarque, e o arranjo para Quem sabe isso quer dizer amor, de Milton Nascimento, além de novidades.
Muito além do canto
O Coral foi fundado nos anos 2000 pelo Ir. Fernando Vieira, SJ, e regido por ele até 2010. Em 2011, o professor Guilherme de Oliveira assumiu a regência do projeto. “O Coral tinha um repertório mais erudito, e assim que cheguei, perguntei aos integrantes sobre o interesse pela música popular brasileira. Eles não gostavam, mas pedi para apresentar-lhes duas canções, Dia Branco e All Star. A partir desses dois arranjos o Coral entendeu a proposta e construímos, juntos, um novo repertório”, recorda o regente, que viu a composição de Geraldo Azevedo se tornar o hino do grupo. Daquele ano, de oito integrantes, a formação passou a ter 20 vozes. No primeiro colégio jesuíta da América Latina a se tornar misto, o Coral era predominantemente feminino. Pouco a pouco foi ganhando vozes masculinas.
Aberto à participação dos estudantes do 6º ano do Ensino Fundamental à 3ª série do Ensino Médio, o Coral se organiza em quatro vozes: Soprano, Contralto, Tenor e Baixo. Os ensaios são feitos por naipes, solos e reunindo todos, numa rotina contínua e que, em temporadas de muitas apresentações, ganha intensidade. No histórico do grupo estão palcos importantes, como o Cine-Theatro Central e espaços Brasil afora. Geralmente, antigos integrantes visitam os ensaios gerais e participam de espetáculos especiais. “Não saber cantar nunca foi uma questão. Existem mecanismos para que esses jovens descubram as próprias vozes, entendam o processo do cantar e aprendam as técnicas, assim como aprendemos um idioma e um esporte”, pontua Guilherme, que completa, “O Coral vai além da canção, é um espaço de refúgio, principalmente para o Ensino Médio, com sua rotina de tantos conteúdos e exames. Não é um lugar de terapia, mas um lugar terapêutico, de troca de experiências e desenvolvimento de habilidades socioemocionais. Construímos uma irmandade. A música é um espaço que nos une”.
Para Arthur Castellões, coordenador da Escola de Esporte e Cultura do Colégio dos Jesuítas, a linguagem musical e as demais atividades culturais auxiliam na formação integral do indivíduo, numa construção que extrapola o currículo e tem como objetivo o desenvolvimento de habilidades humanas importantes para a vida em sociedade. “O Coral do Jesuítas faz memória de gerações que encontraram no canto uma forma de expressão e de atuação no mundo. Essas vozes que ouvimos hoje são as que daqui a pouco estarão servindo à sociedade, transformando nosso mundo”, destaca.
Fonte: Colégio dos Jesuítas