Por Adriano Sanches Thurler, professor de História do Colégio Anchieta, em Nova Fribugo (RJ)
Há 27 anos, iniciei minha trajetória como educador no Colégio Anchieta — esta casa que, desde o primeiro momento, me acolheu e fortaleceu o desejo profundo de servir a Deus por meio da educação. Essa vocação nasceu e foi cultivada graças à inspiração de duas figuras inesquecíveis: minha querida mãe, Professora Lúcia Estelina Sanches Thurler, e meu orientador espiritual, Pe. Francisco de Assis Mello Simão. Ambos foram verdadeiros educadores, com todas as letras, que deixaram marcas profundas em minha vida. A Deus, minha eterna gratidão pela graça de ter convivido e aprendido com esses mestres do amor e do serviço.
Esse sonho de educar foi se tornando realidade no acolhimento do Grande Casarão Amarelo, onde, a cada dia, compreendi que a sala de aula, os corredores e os demais espaços de encontro com estudantes, colegas e famílias são lugares sagrados — lugares onde se manifesta a presença viva de Deus.
Com o tempo, entre especializações, trocas de experiências em rede, retiros e vivências fraternas, fui consolidando a certeza de que minha missão como educador não é apenas formar intelectualmente, mas, sobretudo, ajudar a formar pessoas conscientes, competentes, compassivas e comprometidas com a transformação do mundo para e com os demais. A escola torna-se, assim, mais do que um espaço de aprendizado: é um lugar de formação integral, encontro, diálogo e promoção da paz.
A espiritualidade inaciana foi o solo onde essa vocação cresceu, sendo continuamente discernida e aprofundada — desde os primeiros momentos de iniciação até o retiro de trinta dias. Cada vivência, cada experiência me transformou em um peregrino do aprender, que descobre em cada passo um novo modo de amar e servir. Compreendi que a missão de educador é uma resposta concreta ao chamado de Deus: amar e servir em tudo.
Essa resposta acontece no cotidiano — na escuta atenta, na paciência, na dedicação aos pequenos gestos e na confiança de que Deus age em todas as coisas. A vocação do educador inaciano, portanto, não é apenas uma escolha profissional, mas um modo de viver e servir com liberdade interior, buscando sempre aquilo que mais conduz ao bem maior. É um chamado a viver o Evangelho com radicalidade e ternura, tornando-se sinal de esperança, especialmente junto aos que mais sofrem.
Inspirado pela experiência do Inácio peregrino — que aprendeu a encontrar Deus em todas as coisas —, encontrei na missão educativa um caminho de compromisso: partilhar com toda a comunidade o ânimo de propor, em cada aula, os valores do Reino — a justiça, a solidariedade, o cuidado com os pobres e o respeito à dignidade humana.
Com o coração tocado por essa espiritualidade, compreendi também a importância do exame de consciência, prática que nos ajuda a rever diariamente como temos vivido nossa vocação. É o momento de reconhecer os sinais da presença de Deus e discernir onde ainda precisamos crescer para amar mais e melhor, colaborando com a missão da Igreja que deseja ser casa aberta, acolhedora e atenta aos clamores dos irmãos e irmãs que sofrem.
Nesta caminhada, experimento que a vocação é dom, mas também tarefa — algo que se renova constantemente pela graça de Deus e pela escuta atenta ao chamado que ressoa em cada rosto, em cada história, em cada desafio do cotidiano. Assim, com humildade e empenho, sigo respondendo a esse chamado com um amor que se traduz em serviço, com uma fé que se encarna na prática e com uma esperança que educa para um mundo mais justo e fraterno.
Fonte: Colégio Anchieta (RJ)

