A Semana da Consciência Negra no Colégio Loyola, em Belo Horizonte (MG), realizada entre os dias 17 e 23 de novembro, foi um tempo de reflexão profunda, vivências significativas e celebração da riqueza da cultura afro-brasileira. Ao longo dos dias, estudantes e educadores participaram de rodas de conversa, intervenções artísticas, apresentações culturais e atividades pedagógicas que valorizaram histórias, identidades e as inúmeras contribuições da população negra para a sociedade.
Os professores das disciplinas de Sociologia e Química se uniram em uma proposta interdisciplinar para discutir cabelo e racismo, relacionando aspectos sociais e científicos. Foi uma oportunidade de mostrar como a ciência e a sociedade se conectam e como o conhecimento pode ser uma ferramenta de transformação. O vereador e gestor público, Helton Junior, esteve no Loyola para uma conversa com os alunos do 8º e 9º anos. Ele compartilhou sua trajetória como antigo aluno do Colégio e sua formação em Gestão Pública pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), explicou o funcionamento dos três poderes e relatou aspectos do cotidiano como vereador de Belo Horizonte. Além disso, trouxe exemplos de políticas raciais voltadas ao combate ao racismo e à valorização da cultura afro-brasileira, ilustrando as estruturas governamentais de forma prática e contextualizada.
As turmas do Ensino Médio mergulharam em um projeto interdisciplinar que uniu Sociologia, História, Literatura, Espanhol e o Laboratório de Química. A proposta foi dialogar com obras indicadas para o vestibular seriado da UFMG, como o romance Memórias de Marta, de Júlia Lopes de Almeida; a série de autorretratos, de Paulo Nazareth; e a música Principia, de Emicida, para problematizar como as heranças coloniais ainda moldam o Brasil de hoje. Em roda de apresentação e debate, os estudantes levantaram questões sobre trabalho, desigualdade de renda, gênero e, sobretudo, a questão racial, colocando no centro da discussão a realidade da população negra no país. As aulas de Sociologia também trouxeram referências de pensadores africanos, latino-americanos, indígenas e brasileiros, como Lélia Gonzalez, Sueli Carneiro, Ailton Krenak e Nego Bispo, ampliando horizontes e fortalecendo a consciência crítica.
Na disciplina de Língua Espanhola, os estudantes da 1ª série fizeram um teste sobre os conhecimentos da cultura negra e sua influência na América Latina. Eles exploraram as raízes africanas presentes na gastronomia, na música, na dança, na religião, nas festividades, nos costumes e na linguagem. E, para adoçar ainda mais a experiência, degustaram a cocada, um dos doces mais típicos da cultura afro-latino-americana, apreciado em países como o Brasil, a Colômbia, o México e a Venezuela.
No projeto Colonialidade e Contemporaneidade, as turmas da 2ª série investigaram como as heranças coloniais ainda moldam o Brasil de hoje. Em grupos temáticos, os estudantes articularam leitura literária e artística; conceitos de História, Sociologia e Filosofia; cruzaram saberes; e criaram mapas, infográficos e murais digitais, que não apenas denunciaram desigualdades, mas também apontaram caminhos de resistência e transformação: projetos comunitários, campanhas educativas, ações de equidade e currículos que valorizam autores africanos, indígenas e afro-brasileiros.
Na Pausa Inaciana, os alunos do 8º ano se reuniram para refletir e agir contra o racismo. A manhã começou com uma reflexão a partir de um vídeo assistido, em que eles analisaram quais sentimentos foram despertados ao presenciarem um exemplo de racismo na obra. Mais tarde, foi realizada a análise da Carta da Comissão Antirracismo, um documento que propõe ações permanentes de combate ao racismo institucional e social. As turmas do 5º ano criaram um rap antirracista que transformou arte em escuta, consciência e compromisso.





